Adulto, vi um vaga–lume.
Como vaga e lume que é, vagava e lumiava.
Lumiava tanto que trouxe viva a infância, de lugares já escuros.
Lá na infância, agora escura, era verde quando botava dentro de um vidro,
na esperança de que fosse para sempre minha luz verde.
Nós acabávamos sem luz, eu e vaga-lume.
Mas, não desta vez. Não assim, adulto.
Delicadamente, tirei-o da sala, pousado na cortina,
numa de minhas finas folhas de papel.
Ele queria lumiar outras infâncias,
que elas precisam ser verdes.
Tenho-o comigo, agora
verde:
nesta fina folha de papel.
guardado em papel é sempre verde | Indianópolis | Francis Aguiar
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