Nas cidades há o grito de gol ecoando junto a cornetas, vuvuzelas, o grito de torcida que se cristaliza açucarado entre doces, mousses, sandalinhas havaianas que pulam ou que estão penduradas feito prendas de quermesse. Há a espera pelo título, a expectativa pelos jogos, que confeita as padarias, que enfeita os waffles. Há torcidas vestindo verde-amarelo ou schwarz-rot-gold. Mas há ainda outros gritos que ecoam com outras bandeiras ou faixas, dos seres que se misturam com as ruas em protesto, em marcha por um espaço, sem festividade, em tom amargo. Eles se consomem em si, derretem-se na imagem feito mousse, espelhados entrando em si mesmos, duplificam-se, esgotam-se, adentram um no outro e desaparecem subitamente. Nessa cidade, em Friedrichshain, há uma torcida uniformizada em protesto. Todos querem abocanhar um pedaço doce da cidade.
Cidades | artistas em Diálogo: São Paulo (foto 1 e 2 de Gabriela Canale); Berlin (texto e vídeo de Ísis Fernandes); London (foto 3 Luciana Franzolin)