os olhos não foram feitos para a noite
mesmo enquanto ela não existe
ou depois que o breu deixa de ser óbvio
a intimidade condensada num céu seco
um lugar improvável para o pés
onde os caracóis não elevam seus sonhos
algo como arrancar os passos da calçada
enquanto as aves pousam no chumbo
algo como arrastar a alma até os pássaros
enquanto eles ainda não saldaram suas penas
ninguém é capaz de olhar para cima
quando não há a possibilidade de vazio
artistas em diálogo: fotos 1 e 3 de Gabriela Canale (São Paulo), foto 2 de Ísis Fernandes (Göttingen) e texto de Marcos Losnak (Londrina).
Quantas vozes cabem nesse espaco fora das cidades e entre mundos, meio que suspenso. Aqui eu reencontro Marquinhos! Que sonho. E meus olhos, que nao foram feitos para a noite, mas lêem atentos feito holofotes sob essas letras se espantam de saudade e carinho! Essas suas palavras sao suspensas no fio de energia que me trazem elas nessa distância: feito sapatos voadores enfeitando postes. Beijo para o poeta e para a artista que o convidou!