Entre duas estações essas gentes se movem,
(eu me movo?),
nós imóveis: entre o sono e a vígilia,
entre o ir e o chegar sabeselá.
Que o lá nos acolha, pensamos
que ele nos receba, queremos
que nos rebele, intuimos.
Esses nossos corpos fatigados vão (praonde?).
O cansaço entre os vagões corta a pele,
saboreia a angústia de ir.
Os olhos são películas fatigadas,
fatiadas por Morpheu.
A travessia nos soa circular. Vamos todos praonde?
Caem filmes das janelas: alucinações em fast foward.
O retângulo de vidro,
quase-película fina
nos separa e protege, haveremos de ver:
as cidades,
as ruas sem nome,
os momentos sem eira
os monumentos sem beira.
Vamos todos praonde?
“estamos sempre voltando para casa”.
artistas em diálogo: texto, fotos 1 e 3 de Ísis Fernandes (Berlim) | texto, fotos 2 e 4 de Gabriela Canale (São Paulo).