Eu casei comigo mesma aos 34 anos de idade. Tive até então uma vida cheia de muitas coisas. Tive muitos medos. Tive inimigos internos e externos. Sempre odiei auto-ajuda e qualquer literatura que não se pensasse a si mesma.
Minha religião sempre foi a arte. A arte cura. Cura porque é livre. Cura porque tem regras elásticas. Cura porque é afirmativa. Cura porque se faz em parceria com os outros. Cura porque se faz pra si mesmo. Cura porque se faz para os outros. Cura porque pode ser o que quiser. Cura porque não precisa servir pra coisa alguma. Cura porque respira. Cura porque sobrevive, não sabemos como, no meio de um planeta escravocrata e poluente.
A arte vem me curado de muitas dores. As minhas, e as dos outros. A arte me trouxe lindos amigos. A arte me trouxe mais do que tudo sabedorias. E as sabedorias me trouxeram para mim e para o mundo.
Voltei eu mesma.
Voltei melhor.
Voltei Gabriela, a mulher que se cura.
Reinventei o sendito do meu nome:
Sou Gabriela, a mulher que cura.