Parece um sonho. É um lugar lindamente cercado por montanhas e água.
Neste bairro afastado de Vitória, capital do Espírito Santo, moram famílias de pescadores. Os homens vão pro mar trazer alimento e as esposas fazem pratos incríveis como a torta capixaba e siri desfiado. Lá se vende tudo isso.
A comida é muito boa, o lugar é lindo. Mas tem um CONTRASTE GIGANTESCO. Tem a beleza natural que agrada os turistas de cartão postal (como nós) e tem a vida cotidiana da gente que trabalha lá em condições bem rudimentares.
Os turistas chegam de barco, tomam frisante, fotografam com seus iphones e levam imagens de cartão postal. Os moradores, se apertam em casas de arquitetura quase efêmera, coletam no mar alimento e os trabalham. Nós turistas, nos maravilhamos com a paisagem.
Eu me confundo. Não sou turista. Não sou moradora.
Sou observadora. Neste lindo lugar contrastante tem comida muito boa, muito barata. e tem um antigo armazém transformado em Museu Histórico da Ilha das Caieiras.
Este espaço entre o mar, as casas mal planejadas e o museu nos pede ação.
Fiquei pensando que o espaço de museu poderia retomar a afetividade que tinha o armazém. Antes as pessoas entravam lá e trocavam dinheiro por objetos. Imaginei que o museu pudesse funcionar também como um armazém, mas que as pessoas pudessem trocar objetos simbólicos dentro e fora dele. Ao invés de trocar balas por dinheiro, pudessem trocar histórias, fotografias, esculturas etc.
É uma ideia nascendo… É um desejo de juntar artistas que irão criar junto com a comunidade um acervo de obras realizadas em parceria com as pessoas de lá. Obras espalhadas dentro do museu e fora dele, obras que nasçam da troca e circulem pela troca (como os ovos vendidos no antigo armazém).
E assim compartilhamos saberes – filosóficos e tecnológicos. É só uma ideia. Que pode existir como ideia ou um dia virar real.
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Eba. Tô dentro!