“Eu faço poesia por vingança”, uma ou duas vezes vi pessoalmente um dos mais interessantes autores vivos da literatura brasileira falar isso. Marcelino Freire é um grande sujeito.
Eu já fiz também arte por vingança. Ela é um jogo erótico. Minha bisavó diria “quem desdenha quer comprar”. Eu concordaria e diria que uso meu corpo, minha escrita e minha camera para me apoderar dos dispositivos e poder ter minha própria voz.
Meus inimigos queriam me calar. Queriam usar minha imagem. Queriam me ver ser uma marionete de um filme em Buenos Aires. Queriam que eu escrevesse mais propaganda do que poesia. Meus inimigos (a maioria deles sou eu mesma) queriam minha inaptidão e meu silêncio criativo.
E para eles “eu rio e danço e invento exclamações alegres” (mário Quintana).
Para eles, meus inimigos, eu escrevo maus poemas, eu danço com vestidos esvoaçantes no meio das cidades, eu escrevo sobre o mal da pós-civilização.
Para os inimigos, uma bela rebolada feliz é o maior gesto de vingança criativa.
fuck enemies with words and images | London | R.Cambusano