Não sei o que somos.
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Sei, um pouco, com a carne, com a voz que conversa com as paredes do escritório.
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Sei com a fome.
Sei com o desejo que me move.
Sei com o desejo que me move.
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Sei que estamos gente. Estamos carbonos. Estamos aminoácidos.
Estamos moventes, remexendo em um planeta que fora o núcleo de uma estrela.
Estamos moventes, remexendo em um planeta que fora o núcleo de uma estrela.
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Sei que estamos no meio do maior processo de mudança de uma espécie aqui na Terra.
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E sei que entre a carne, o sangue, a energia elétrica do meu cérebro, tem uma coisa quase indizível.
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Tem algo que não cabe na linguagem.
Tem um lado performático interno.
Tem algo incomunicável que, talvez, eu pudesse chamar de um
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eu transitório.
De um pseudoterritório.
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Estamos pós-estrelas.
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Somos em dilúvio interno.
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Sabemos em não linguagem o tamanho do mistério que se chama
bregamente
de amor.
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