“O meu presente para ti é esta modesta contribuição, feita com carinho e esmero. Meu presente é a VIDA, pois sem ela nada há… nem eu…”
Sinto que preciso parar e indagar: o que é “fé”? Até onde entendo, fé é crença que não permite indagação. Quem tem fé, acredita – e não se pergunta pelas razões da crença. No domínio da fé, é proibido duvidar. Aquele que crê – e está convicto de sua crença através da fé – vê com maus olhos toda indagação, desconfiança, malícia, insatisfação. O fervoroso, assim que sente-se profundamente convicto, exclui qualquer possibilidade de pensar seu objeto. Pode-se dizer que a fé, vista desse modo, é o fim do pensamento. A convicção, seja de que natureza for, entrava a investigação e abre espaço para a intolerância – e todas as suas possíveis conseqüências, de que a história recente já foi testemunha. Sim, viver sem fé é de uma tristeza sem fim. Mas não será a vida mjamesma dor, insatisfação, tédio e tristeza? Ou é possível crer que o ser humano é um animal bom, que exista justiça, felicidade duradoura, compreensão, liberdade? Quem já olhou para os lados e pensou a respeito (para dizer de modo delicado) desconfia que todas essas palavras sejam ficções. O ser humano é um animal violento e infeliz, e a única coisa que sabe de fato é que a morte o aguarda muito em breve. A opção, nesse caso, é conseguir viver e extrair alegria e coragem mesmo em face dessas condições – algo que, como capacidade e propriedade do pensamento, costuma-se chamar “trágico”. Logo, é possível dizer: felizes e iludidos os que tem fé, pois da crença conseguem extrair conforto; infelizes e alegres os que pensam, pois já não se deixam iludir com palavras e para eles é impossível renunciar ao pensamento.
Cities in dialogue: Photo 1: Natal (Jean Sartief); Photo 2: Atibaia (Jaime Scatena); photo 3: São Paulo (Gabriela Canale); Photo 4: S. J. do Rio Preto (Tiago Spina); text: Curitiba (Ygor Raduy); photo 4: London (Luciana Franzolin); Video 1: São Paulo (Patrícia Francisco);
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