Pelos cantos da cidade há bandeirinhas, há detalhes de decoração, há lembranças de que num canto do mundo equipes correm atrás de uma bola em busca do êxito de gol. Mas olhando bem nos cantos das cidades há ainda frestas. Há ainda lembranças de outras “media-scapes”, há escrito nos concretos outros diálogos, outras referências. Ainda há algo alheio ao jogo, à sombra da copa. O olho atento pode mirar esses cantos. Outro olho, também atento, pode também lançar-se a essa dança dos corpos hipnotizados pelo embate de nações, pelas estratégias de campo, pelas danças de pernas, rodopios, giros, cotoveladas e chutes nas canelas. A gente querendo contar essa narrativa: Schundliteratur! O ouvido, dolorido pela ladainha do comentarista, ainda que não seja boca pede: cala-boca! Essa febre é obscena!
Noutros cantos outros ouvidos ouvem o sol, que nada emite de som (perdido em algum canto sem febre de copa da cidade). Num canto não febril de uma cidade qualquer, talvez alguns homens cansados, aflitos ou sonolentos não esperem ansiosos a hora do jogo, o momento do gol.
Cidades | artistas em Diálogo: São Paulo (video 1 de Gabriela Canale), Berlin (foto 1 e 2 e texto de Ísis Fernandes), Londrina (video 2 e 3 de Ygor Raduy).