primaver multigraphias

Prima Vera | São Paulo | Bruno Barnabé

Os dedos dele seguravam-na pelo sexo, formando uma concha pélvica que ia da bunda ao umbigo. O desejo dela escorria pelas pernas e encontrava o calcanhar dele, pelo roçar do salto na pele áspera. O contato do corpo com a grade a excitava, provocando a liberação de curtos, mas intensos gritinhos. Ele bufava e exprimia uma feição peculiar, como se algo o confortasse e o incomodasse ao mesmo tempo.

Bufando, acorda. Ainda poderia sentir o odor dos corpos. Acende um cigarro e traga o gosto de Prima Vera. Ela chega depois de amanhã, pensa. Ela vem de longe e, vermelha, me tem.

Sonhando com Prima Vera | Porto Alegre | Juliana Ben

A árvore é sabedoria aplicada.
Morre todos os anos

sem dor, sem auto-piedade,

sem nada.

A árvore nos ensina a morrer.

Ensina também que o corpo
novo rasga o velho.

Que vem de dentro a força que
lacera a casca.

Todo o ciclo de vida fica gravado nas folhas: as células fotossensíveis transformam sol em pigmento.

A árvore é uma grande máquina fotográfica
de contar o tempo.

a sabedoria vegetal | Vitória | Gabriela Canale

Wreath_of_love  |  Jacarei  | R.Cambusano

Wreath_of_love | Jacarei | R.Cambusano

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